O bispo Marcello José Brayner, aos 51 anos, tem a disposição de um adolescente de 15. Não é para menos, afinal ele está à frente de um trabalho que não para 1 minuto: o Força Jovem Universal. Ao lado da sorridente esposa, Maria Luiza Braga Brayner, de 47 anos, e do filho, Daniel, de 15, ele conta à Folha Universal um pouco do que já enfrentou na vida. Nascido em uma família de militares, nem sempre as regras ditadas eram cumpridas, e as marcas do passado se fazem presente no corpo dele até hoje. Detalhes da infância, adolescência, o grande amor e sacrifícios pela Obra de Deus. Confira isso e muito mais nesta entrevista exclusiva.
Qual a lembrança mais marcante que vocês têm da infância?
Ele: Nasci na Tijuca, Rio de Janeiro. Eu cresci num lar de família militar, disciplina rígida, mas vi que essa disciplina tão defendida pelo meu pai passou a não ser seguida com a família. Ele bebia, se voltava mais para os amigos, era agressivo. Eu tenho uma cicatriz na testa que ele fez, quando eu era criança, por ciúme dos filhos estarem deitados na cama da minha mãe. Ele jogou uma cadeira em cima de nós, mas só eu fui atingido. Eu não conseguia tratá-lo como pai, pois nós vivíamos numa falsa família.
Ela: Eu tive muitos problemas em casa, meus pais não eram unidos, os meus irmãos brigavam muito e eu tinha medo, mas não encontrava nenhum apoio familiar. E a carência de um e outro nos uniu. Quando eu conheci o Marcello, senti um apoio, que tinha encontrado um amigo que me entendia e que me ajudava. Desse jeito começou a nossa caminhada.
Por que vocês decidiram buscar ajuda na Universal?
Ele: Meu irmão passou a incorporar espíritos malignos dentro de casa. Possuído, ele chegou a se jogar dentro de um poço, sequestrar uma criança, parar o trânsito, enfim, vivia transtornado. Foi quando a minha família decidiu buscar ajuda na Universal. Eu cheguei a evangelizar esse meu irmão, mas ele não aceitou. Um dia depois de falar de Jesus para ele, ele foi assassinado, antes de morrer, acredito que ele se lembrou da conversa que tivemos. As pessoas que estavam ao lado dele disseram que ele pediu perdão a Deus.
Ela: Eu fui para a igreja para acompanhar o Marcello. Quando o meu pai percebeu que eu estava me convertendo, ele começou a me proibir de ir. Mas não desistimos, pelo contrário, passamos a buscar juntos a nossa libertação.
Ele: Eu não tinha me libertado da mágoa do meu pai, a marca não era só na testa, mas estava dentro do coração. Fomos para a igreja mais pelo meu irmão e, depois que ele foi assassinado, comecei a entender que eu precisava buscar a Deus por mim, que a salvação e a fé era algo individual.
Ela: Ao contrário do Marcello, eu manifestava e via vultos. Eu não entendia o motivo pelo qual passava mal, até que um dia o pastor me disse: ‘Luiza só depende de você, se você usar a fé e determinar, esse mal vai sumir da sua vida’. Então, naquele momento é como se um peso tivesse saído de cima de mim, ali acabaram os vultos e o pavor.
Por que decidiu ser pastor?
Ele: Nós nos casamos. Logo em seguida, fui servir ao Exército. Quando o meu serviço terminou, eu passei a orar pedindo para Deus gastar a minha garganta, gastar a minha juventude. A minha oração era sempre a mesma e Deus me chamou para o Altar. Eu sempre gostei de ajudar, sempre gostei de servir.
Vocês tiveram problemas de convivência?
Ele: Poucos, porque nós crescemos juntos em três aspectos: como pessoas, como casal e espiritualmente. A diferença era que eu sempre fui muito fechado, quase não falava e, quando ela percebia, eu já estava tomando decisões sem falar com ela. Hoje, eu falo, converso; amadureci, é como a vida espiritual. Eu passei a agir com mais qualidade, responsabilidade, consciência. Vai fazer 30 anos que estamos casados.
Ela: Eu chorava, na fase da gravidez, pois com poucos meses de casada fiquei grávida. Eu fui me adaptando a ele. Eu reclamava, mas deixava o meu eu de lado e ia atrás dele.
Quais sacrifícios fizeram pela Obra de Deus?
Ele: Muitos, mas o que mais marcou foi quando eu cheguei a São Paulo – eram apenas 26 igrejas em 1984 – e inauguramos a primeira em Piracicaba, no interior. A Igreja estava passando por uma dificuldade financeira na época. Em casa só tinha arroz e fubá. À noite, depois das reuniões, eu ia para o Rio Piracicaba pescar para ter o que comer. Fiz isso durante 1 mês. Às vezes, ficava apenas eu e uma capivara à beira rio. O momento marcou não pelo sacrifício em si, mas pelo prazer de saber que eu estava fazendo isso pela Obra de Deus.
Ele: Eu tenho dois filhos. Marcelle, de 29 anos, que é casada, e Erick Daniel, de 15, que adotamos. Nós crescemos num lar desajustado, dois adolescentes perdidos, mas na Universal, o bispo Macedo não nos ensinou apenas a fé, que é a base, mas nos ensinou a ser pai, a ser marido e ela também aprendeu a ser mãe e esposa. Tudo que somos aprendemos com ele, com o exemplo dele. Passamos esses ensinamentos aos nossos filhos.
Ela: Marcello foi e é um exemplo de fé, paizão, marido, companheiro.
Como recebeu a notícia de que estaria à frente de um dos maiores grupos de jovens do Brasil?
Ele: Eu estava no Rio de Janeiro, quando o bispo Macedo me deu essa responsabilidade. Eu estou na maior alegria, pois o meu prazer é servir. O Força Jovem é a fatia do bolo mais importante, porque o jovem é o futuro da nação, é o futuro de tudo. E, aos 51 anos cuidar de jovens, é um privilégio.
O senhor também é compositor e cantor. Como surgiu o desejo de evangelizar por meio da música?
Ele: Eu nunca gostei de ficar parado. Comprei um violão, aprendi sozinho, não conheço nota, só as básicas, comecei a querer ajudar no Força Jovem, sem pretensão de gravar CD ou de ser cantor. Eu já estava responsável pela Universal em Portugal, quando o bispo Paulo Roberto Guimarães disse que era para eu gravar uma música. Eu obedeci. Eu nunca me considerei um cantor, mas alguém que obedece.
Qual a mensagem vocês deixam para o leitor da Folha Universal?
Ele: Se nós conseguimos solucionar os nossos problemas, você também pode conseguir. Ninguém está livre de problemas, mas vencemos, porque a diferença é que enfrentamos os problemas com Deus. O caminho está diante de você. Se você se entregar, certamente vencerá como vencemos.
Ela: É preciso confiar em Deus e se entregar a Ele, indo sempre em frente, sem olhar para nada.
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